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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

" Se todos fossem iguais a voce "


Após 30 anos da morte do compositor, dramaturgo, jornalista e diplomata Marcus Vinícius da Cruz de Mello Moraes (1913-1980), mais conhecido como Vinícius de Moraes, o governo brasileiro decidiu homenageá-lo com a promoção póstuma ao cargo de ministro de primeira classe da carreira de diplomata (o equivalente a embaixador). A cerimônia realizada no Palácio do Itamaraty na noite desta segunda-feira (16) contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em 1969, Vinícius foi exonerado por pressão do governo militar que, em 1968, promulgou o Ato Institucional (AI) nº 5. Apesar da cerimônia ter sido realizada na noite de hoje, a lei foi sancionada no último dia 21 de junho.

A sanção da lei vai permitir aos três dependentes do poeta benefícios da pensão correspondente ao novo cargo, segundo informou o Ministério das Relações Exteriores.

Em seu discurso, o presidente Lula afirmou que, diferentemente das pessoas que cassaram Vinícius, é o poeta quem ficará na história. “Eu tenho inveja de não ter podido gozar de sua amizade como outros gozaram, e viver a vida com a dimensão que ele viveu. É nossa obrigação dizer sim à absolvição política.”

Lula entregou uma placa com a lei impressa para a última mulher de Vinícius, a produtora musical Gilda Mattoso. Da bisneta de Vinícius, Maria Luisa, o presidente recebeu um livro de fotografias de Pedro de Moraes, um dos filhos do poeta.

Ainda durante o discurso, Lula relembrou uma manifestação que ocorreu em 1979 em que ele convidou o poeta para participar. Na ocasião, Vinícius declamou aos operários seu poema “Operário em Construção”.

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, também exaltou a decisão de homenagear o poeta. “A promoção a Vinícius não só faz jus a esta casa, mas resgata o próprio Itamaraty, eliminando os últimos vestígios de uma época sombria”, disse o chanceler.

A cerimônia também contou com a presença da cantora Miúcha, que cantou algumas músicas de Vinícius acompanhada da filha dele Georgiana de Moraes e da neta Mariana de Moraes.

Boêmico e controverso, Vinícius virou uma espécie de ícone da geração libertária da decáda de 1960. Ele morreu em julho de 1980, de edema pulmonar, em sua casa, na Gávea, no Rio de Janeiro.
Metéria original : Uol

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