Um dos mais importantes escritores e poetas do Brasil, o paraibano Ariano Suassuna emocionou o público que foi ao Morro dos Prazeres, no primeiro dia da Feira Internacional de Literatura das UPPS (Flupp), no Rio, na última quarta-feira. Pisando pela primeira vez em uma favela carioca, Suassuna não escondia a satisfação pelo convite de estar no lugar que ele classifica, inspirado nas palavras de Machado de Assis, de "Brasil real", ou "Brasil do povo".
Do alto de seus 85 anos, o autor de clássicos da literatura brasileira como O Auto da Compadecida e O Romance da Pedra do Reino deu uma verdadeira aula de cultura popular e, por que não dizer, de sabedoria. Sem grande esforço, conquistou o púbico que lotava o espaço do GEO (Ginásio Experimental Olímpico), onde se concentraram as atrações da feira na noite de quarta-feira (7).
Suassuna enalteceu o processo de pacificação das favelas cariocas, pelo qual também passa o Morro dos Prazeres, no tradicional bairro de Santa Tereza. "Pela primeira vez, estão vendo, reconhecendo, que nas favelas tem gente ordeira, trabalhadora e que é vítima do crime como todo mundo." Para ele, de certa maneira, "estão libertando o povo brasileiro".
Apesar de derramar elogios sobre o processo implantado no Rio, ele fez um alerta: "não sou idiota não, essa libertação tem que ir adiante". Em entrevista aos jornalistas, Suassuna, numa conversa cercada de poesia, avaliou o cenário mundial e brasileiro e lançou várias reflexões sobre o processo social "da humanidade inteira". "Eu não sou nem otimista, nem pessimista.
Os otimistas são ingênuos, e os pessimistas, amargos. Eu me considero um realista esperançoso. Sou um homem da esperança. Sonho com o dia em que o sol de Deus vai espalhar justiça pelo mundo todo."
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