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quinta-feira, 5 de maio de 2011

"Nelson Cavaquinho no Cinema "

O cara completaria cem anos este ano. Para alguns, o maior gênio da música popular brasileira. O mais lírico, o mais louco, o mais mórbido, o mais macunaímico, o mais visionário. Nelson Cavaquinho. Em 1969, o cineasta Leon Hirszman subiu o morro com a câmera na mão (nas mãos do cinegrafista Mario Carneiro, bem entendido) e fez o mais impressionante documentário já feito sobre qualquer compositor brasileiro. Sem discurso, sem falação, só imagens e som. “A Mangueira é tão grande, que não tem explicação”, como diria Paulinho. Nelson Cavaquinho é ainda menos explicável. Um fenômeno.


O filme causou polêmica. O fato de mostrar o compositor de maneira crua, bêbado, oferecendo cerveja prum garoto, chocou muita gente. Disseram que era abuso, invasão de privacidade, o escambau. O curta, segundo a tradição do cinema documental no Brasil, teve vida curta nas telas.
De fato, Hisrzman não glamouriza, não reverencia o mito. Mostra a casinha onde vivia, o bar onde bebia, os vizinhos, o entorno do morro da Mangueira. E Nelson não se intimida com a câmera. Vai contando sua história, cantando sambas menos conhecidos, revelando suas preferências, sua tristeza, seu inusitado senso de humor. Com pouquíssimos recursos, o espectador-ouvinte mergulha na vida do menestrel da Mangueira. Compartilha sua tristeza visceral, vibra com suas cordas de aço (que admirável músico!), se arrepia com sua voz de dobradiça enferrujada.


Depois da morte de Nelson, em 1986, o filme ficou meio escondido, virou mito. Quando Hirszman se foi, no ano seguinte, desapareceu do circuito. Alguns anos se passaram até que o projeto de um grupo de abnegados, financiado pela Petrobras, recuperasse a obra do cineasta (que enfocou Candeia, em outro documentário). Mas a figura heróica de Nelson Cavaquinho, cavaleiro andante da música popular brasileira, emerge agora límpida, digitalizada, graças à internet. Aproveite as comemorações do centenário do autor de A Flor e o Espinho e conheça um pouco da alma deste sambista maior.E não se assuste quando ele disser, no filme, que nasceu em 1910. Ele mentiu a idade para entrar no Exército, com 17 anos, e manteve a palavra até o fim da vida, pra não cair em contradição. Nasceu mesmo em 1911, e está aqui, vivo para a eternidade:

Parte 01










Parte 02







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