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terça-feira, 16 de novembro de 2010

" Livro 'O Barquinho Vai' dá voz a Menescal em narrativa leve e superficial "


Roberto Menescal é figura emblemática na história da música brasileira. Não somente por ter sido parceiro de Ronaldo Bôscoli (1928 - 1994) em alguns clássicos iniciais da Bossa Nova que ganhariam o mundo, notadamente O Barquinho, mas também por ter ocupado os cargos de produtor e diretor artístico da gravadora Philips - encampada pela Universal Music no fim dos anos 90 - de 1970 a 1985, periodo em que a companhia abrigava quase todos os grandes nomes da MPB. Portanto, uma biografia de Menescal seria, além de oportuna, necessária.

Livro escrito pela jornalista Bruna Fonte, ora lançado pela editora Irmãos Vitale, O Barquinho Vai... - Roberto Menescal e suas Histórias não preenche tal lacuna. Antes de ser uma biografia, o livro é uma coletânea de histórias com pinceladas biográficas da vida e obra do compositor capixada, criado no Rio de Janeiro (RJ), a cidade que gerou a bossa que renovaria a música brasileira e daria projeção mundial aos seus principais compositores. Bruna Fonte deu voz a Menescal, que conta na primeira pessoa causos marcantes de sua trajetória na música. Embora leve e fluente, a narrativa - estruturada em tópicos, em formato parecido com o de um almanaque - patina na superficialidade.

As histórias sobre a gênese da Bossa Nova nada acrescentam de relevante ao (muito) que já foi escrito sobre o gênero. A contribuição mais significativa do relato reside nas histórias colecionadas por Menescal em sua passagem pela gravadora Philips. Uns episódios já são bem notórios - caso do corte ditatorial do microfone quando Chico Buarque e Gilberto Gil apresentavam a música Cálice (primeira parceria dos compositores) no show coletivo Phono 73, evento que reuniu o elenco da Philips no Anhembi, em São Paulo (SP), em maio de 1973. Outros são pouco conhecidos, como o mal-entendido que separou Menescal de Chico, seu parceiro em Bye-Bye Brasil, música composta em 1979 sob encomenda do cineasta Cacá Diegues.

A confusão teria começado quando Chico foi convidado a trocar a Philips pela alemã Ariola, gravadora que se estabeleceu no Brasil no início dos anos 80. Menescal alega que não se opôs à ida do cantor para a concorrente e que ainda sugeriu a Chico uma forma de se livrar de sua obrigação contratual com a Philips. Contudo, o caso levou Chico a romper publicamente com Menescal ao se recusar a receber um prêmio por Bye-Bye Brasil com o parceiro. Como o livro ouve somente Menescal (apesar de relacionar generosos depoimentos sobre o artista ao fim), a história fica incompleta. Como outras tantas contadas em O Barquinho Vai..., livro que também revela - de acordo com o relato do perfilado - a influência determinante de Menescal na escolha do repertório do álbum Elis (1972), título renovador na discografia de Elis Regina (1945 - 1982).

Fonte: Notas Musicais

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