A cultura popular pernambucana perdeu o cantor e compositor Zé Neguinho do Coco, aos 72 anos, um de seus mestres mais temperamentais, elogiado por suas rimas, ritmo e melodia, mas conhecido também pelas suas brigas e bebedeiras. Seu corpo foi enterrado ontem à tarde no Cemitério de Beberibe. Apenas os familiares estavam presentes. “Ele estava doente, hospitalizado, frágil”, disse o cantor Silvério Pessoa, que usou as redes sociais para divulgar a notícia ao saber da morte família. “Gravamos juntos, tocamos e cantamos juntos. Uma perda! Aprendi muito com esse grande mestre”, comentou pelo seu perfil no Facebook. De acordo com familiares, o coquista tinha problemas cardíacos.
Nascido e criado no Morro da Conceição, área de Casa Amarela, na Zona Norte, José Severino Vicente já era conhecido nas rodas de coco como Zé Neguinho quando foi descoberto durante a onda de valorização da cultura popular desencadeada nos anos 1990 pelo Movimento Mangue, que chamou a atenção do público jovem de classe média para artistas como os mestres rabequeiros Salustiano e Luiz Paixão, a cirandeira Lia de Itamaracá e as coquistas Dona Selma, Cila e Aurinha do Coco, entre outros.
Até 1998, Zé Neguinho do Coco nunca havia gravado. Ele entrou no estúdio para participar da faixa Pau de quiri, do CD de estreia da banda Cascabulho, Fome dá dor de cabeça. Em 1987, o coletivo Digital Groove (Felipe Falcão e Zezão Nóbrega) gravaram participação dele no disco Rabeca, sanfone e pife. Ele também seria gravado pelo Quinteto Olinda (a música Quince).
“Quando se trata de cultura popular sempre me considerei um aprendiz. Zé Neguinho do Coco era uma matriz única. Ele fazia uma música que ele mesmo chamava de coco de terreiro, coco serenata. A divisão melódica e rítmica era a mesma do nível de Jackson do Pandeiro”, explica Silvério Pessoa, que também é pesquisador da música tradicional nordestina e occitane.
“As últimas vezes que dividimos o palco foi em um Festival de Inverno de Garanhuns e em um Rec-Beat, com o projeto Refinaria, com Felipe Falcão, Zezão Nóbrega e Wilson Farias”, relembra Silvério, participou com ele do documentário Moro no Brasil, de Mika Kaurismäki. “Tem cenas de a gente tocando junto”.
Fonte: Jc online
Nenhum comentário:
Postar um comentário