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segunda-feira, 5 de julho de 2010

Vinte anos de Festival de Inverno na visão de um leitor


O amigo e leitor Sandro Gama, nos envia um artigo relatando sua visão dos vinte anos do Festival de Inverno. Vale a leitura, porque quem o fez conhece como poucos a história do evento.


Vinte anos de carreira, vamos comemorar palmas para o festival, palmas para nós...
Como eu gostaria de ter a certeza de que merecemos, e o festival também, essas palmas.
Claro que merecemos e ele também, pelo menos algumas palmas. A questão meus amigos (as) é que são palmas tão efêmeras, quanto cada festival desse que passou. Não que não se tenha aproveitado nada, e que nada foi aprendido e tudo foi em vão ao longo desses dezenove anos, não se trata disso.

Acho que o festival é responsável, por algo que pra mim é de extrema importância, que foi a mudança de comportamento, por grande parte da população, no que diz respeito à participação de nós nativos no evento. Eu e muitos amigos que vivíamos a noite e a cidade de uma forma cultural e boêmia antes do primeiro festival e que percebíamos as castas (digamos assim) que existiam na sociedade, onde determinados locais não eram frequentados por alguns jovens que poderiam estar ali vivenciando e fortalecendo juntos conosco, o que poderia ser uma base cultural mais forte, para termos um dos maiores eventos do Brasil. Garotas tomando uma cerveja, numa mesa composta só por elas? Só se fossem as más faladas do VAGÃO ou do BAR DE NIRA, era assim mesmo e muita gente sabe disso.

Mas eis que chega o FIG, e logo no segundo ou terceiro ano já podia perceber uma grande mudança, e que perdura até hoje, graças a DEUS, que foi a forma como nosso povo passou a receber, a respeitar e até a aplaudir as atrações, mesmo que em algumas vezes, soassem estranhas aos ouvidos. Vejam que chegamos aos vinte anos, sem nenhuma situação de violência que venha manchar a imagem do evento. Mesmo numa noite onde toda a polícia estava em greve e tivemos uma apresentação memorável dos Titãs, contagiando 50 mil pessoas de várias tribos culturais, o que em anos anteriores, seria previsão de uma hecatombe, foi uma noite de celebração sob muita paz e alegria.

Mas acho que poderia ter dado mais frutos esses dezenove anos de festival. Já poderíamos ter entre nossos artistas, alguém que tenha sido descoberto em algum festival. Entre os que estão ministrando alguma oficina, um morador da cidade que viesse a ser um multiplicador, vocês sabem do que estou falando. Só que não vemos isso e fica a impressão de que com vinte anos de existência, o FIG sempre foi e ainda é apenas um período festivo durante as férias.
É claro que queríamos mais, é óbvio que queríamos que chegando aos vinte anos, que o município gerisse o evento, se não sozinho, pelo menos partilhasse dessa gestão, o que nunca aconteceu e não acontece ainda hoje.

Com isso, somos obrigados a engolir de goela abaixo, todas as imposições e mudanças que são feitas no evento. Algumas absurdas, outras que enfraquecem o FIG, como por exemplo, essa de reduzir as apresentações do palco do PAU POMBO, a falta de oxigenação nas grades de atrações do Euclides Dourado, do palco da cultura popular e do próprio Pau Pombo, e outras coisítas mais.
Vou dar um exemplo de uma situação, que demonstra toda a indiferença dos que vem de fora como absolutos donos da situação. Nesses dezenove anos, posso dizer que tem pelo menos uns quinze anos, que eu e um grupo de amigos nos unimos e compramos um dos camarotes, vejam vocês que quando esses camarotes eram vendidos por pessoas de Garanhuns, eles tinham pelo menos a consideração de consultar aqueles que sempre compravam, para saber se eles tinham interesse, se não, venderiam para outros. E não me venham dizer que estou reclamando de privilégio não, trata-se de respeito.

De uns anos para cá, essa comercialização é feita por pessoas de fora, apesar de sempre colocarem alguém da cidade à frente.É impressionante a indiferença com que somos tratados e em algumas vezes até mal tratados. Só o que conta para eles, é aumentar sem nenhuma justificativa ou melhorias, os valores cobrados pelos mesmos.Mas se até mesmo os estrangeiros gestores fazem isso, como querer algo diferente de outros?

Vejam vocês, que a FUNDARPE, esse ano, resolveu que os seis primeiros camarotes, serão dela. E não interessa se já tinha alguém que há duzentos anos ficava com esses camarotes. Agora eu pergunto pra quê a FUNDARPE com seis camarotes? Nunca se viu isso! O governo do estado sempre teve os seus camarotes, que é justo, afinal os homens bancam quase tudo né? E ainda tem as autoridades que o Governador possa vir a receber, embora nesses dezenove festivais, nunca vi um governador ir mais do que três dias para o evento, bom mais isso não me diz respeito, mas os da FUNDARPE me dizem sim, não só a mim, mas a todos os contribuintes, pois além de abusivamente tirar as pessoas que ali ficavam isso é farra com o dinheiro público, basta só olhar quem são as pessoas que vão estar nesses camarotes. Bom, mas isso é apenas um desabafo em causa própria. Kkk...

O que interessa mesmo é o FIG que chega a uma etapa simbólica na sua história e continuamos tendo poucos motivos para batermos palmas e muitos para criticar, que, aliás, não devemos deixar de fazer nunca, vamos aplaudir sempre o que for merecido e criticar sempre o que tiver de ser criticado.Parabéns FIG, parabéns Marcilio Reinaux Maia pela brilhante ideia, parabéns Garanhunhenses pelos contínuos exemplos de receptividade e hospitalidade e parabéns para todos aqueles que nesses dezenove anos, procuraram contribuir para fazer do FIG cada vez maior e melhor.

Isso vale um abraço companheiros...
Sandro Gama Correia.

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